Do politeísmo ao monoteísmo
Por Jose Alessandro
RESUMO
O presente artigo tem por objetivo traçar a história transicional do politeísmo de acordo com a perspectiva narrativa das quatro fontes literárias do Antigo Testamente da Bíblia Hebraica.
Para a respondermos à questão sobre a origem e criação da fé no Deus Criador, se fez necessário a pesquisa das mais fontes históricas, extra bíblicas para maior elucidação do tema.
INTRODUÇÃO
A consciência mítica do homem primitivo é ponto de partida primordial para compreensão do conceito sobre a crença num Deus. É no cerne da história das primeiras civilizações que podemos encontrar os extratos da antiga fé numa espécie de Deus Criador que se apresentava sob diferentes concepções nas diversas religiões da mesopotâmia.
a) Foi nas peregrinações das longas e perigosas jornadas pelas áridas regiões do oriente que a crença num deus começou a ser uma necessidade para proteção da vida. Apesar da Bíblia fornecer registros sobre, o que, se supõe ser, as formas das primeiras crenças e cultos, conforme Gênesis, onde o escriba de fonte posterior fez saber: "E a Sete também nasceu um filho; e chamou o seu nome Enos; então se começou a invocar o nome do SENHOR." (Gênesis 4. 26), é evidente que o escriba de fonte não está se contradizendo com essa afirmação, visto que, "invocar o nome do Senhor" esteja relacionado a um culto de forma regular, com maior solenidade, e, ou, um culto público, que não era praticada anteriormente.
Contudo, como se verá, de acordo com outras fontes extras bíblicas, provavelmente a crença nos diversos tipos de deuses era criada conforme a necessidade ou particularidade de cada indivíduo.
b) A capacidade perceptiva do homem primitivo foi a porta de abertura para a crença na existência de um ser divino, de um deus: a ação divina sobre a natureza, em todos os aspectos, fenomenológicos, conduzia o homem pelos caminhos da crença num deus; mas, de um ponto de vista mais bíblico-teológico, sob a cosmovisão-judaico-cristã, esse tipo de fé não era uma fé direcionada explicitamente ao Deus Criador.
c) Esse assertiva é baseada no fato de que: a multiplicidade deus cultuado não permitia distinguir radicalmente o Deus Verdadeiro, isto é, o Deus que, muito tempo depois, se revela a indivíduos em especial, como se abordada a posteriori.
1 UM POVO SOB INFLUENCIA CANANÉIA
1.1.O forte influxo da religião cananéia
Quando os primeiros israelitas peregrinavam pelas regiões cananeias acabaram sendo influenciados por diferentes grupos em épocas várias: o que era até então, uma religião tribal, recebe estratos da ideias e crenças das demais tribos. Na época das peregrinas entre os cananeus o hebreus tomaram ciência da existência de um deus chamado El, o mais importante deus do panteão cananeu: El era considerado o rei dos outros deuses, El também era conhecido como O Deus Criador dos Homens, da terra e dos mesmos deuses.[1] No mesmo pantão também havia um semi-deus cognome Baal, o segundo mais importante; sua função era preservar a criação, isto é, tudo que estivesse relacionado a natureza: plantações, animais e seres humanos, dando-lhes o dom da fertilidade.
1.2.1 Do Egito para o Deserto
A partir do Êxodo do Egito, homens liderados sobre o comando do líder Moisés, aderem a fé javista, assumindo assim, o compromisso de servirem ao YHVH,[2] em busca da terra prometida de Canaã. No período das peregrinações do povo pelo deserto, passando por todos os tipos de dificuldades, os hebreus experimentam a presença (teofania) salvadora de YHVH, assim como no passado, a o conceito de que o livramento e cuidados aos homens descreviam a existência de um Deus, a fé desses hebreus é crescente em cada ato de manifestação e proteção de Deus; ora abrindo Mar, ora, enviando alimentos do céu, Cf. Êxodo 14.15-31e 16.9-15.
1.3.1 Um fé embrionária ressurge na contemplação do milagres
Nesse período de peregrinação, é perceptível a leitura das passagens bíblicas que, já existia uma fé embrionária em YHVH como criador na mediada em que este se manifesta como senhor da natureza: na antiga tradição é apresentada uma conexão entre os fenômenos naturais e a ação salvífica de YHVH, conforme registra o deutero Isaias, em10.11-13. O contato com as demais tribos cananeias os israelitas herdaram muitos conceitos e crenças sobre Deus, e isso repercutiu claramente nesse “novo modelo” de culto e fé: o escriba sacerdotista é severamente crítico ao advertir o povo quanto a infiltração de elementos da religião javista, isto é, das crenças presentes nas primeiras edições das narrativas bíblicas. Contudo, o que se percebe é a assimilação daqueles elementos que não pareciam contrários a esta fé, a saber:
a) YHVH assume e reconhecimento público e passa a ser cultuado e crido como o senhor dos céus e da terra e como aquele que fez todas as coisas, isto é, uma mimese consciente da crença cananéia ao EL, deus supremo para os cananeus.
b) Agora YHVH é o senhor da vida e da fecundidade e de homens, animais e plantas, o que relembra os atributos conferidos a Baal, o segundo deus do panteão cananeu, agora atribuídos ao DEUS DE ISRAEL.
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